quarta-feira, 6 de maio de 2009

Até Já?

Quando chegava há uns meses atrás à Irlanda não pensava que me viesse a ser tão difícil escrever este texto. Há algo na Èire que se nos entranha, que nos envolve e nos torna difícil partir, quase como se o terreno pantanoso das chuvas nos enterrasse os pés e nos impedisse de andar sem escorregar sempre para trás. Alguns dirão que são as gentes. Más línguas! Com certeza as mesmas que dizem que, por aqui, elas "são homens" e eles "mulheres". Só porque elas são livres. Só porque são predadoras. Só porque não se deixam julgar. Só porque não passam despercebidas quando entram. Eu cá gosto delas, gosto da sua energia, apesar de abominar o seu sentido de moda...vai daí o problema é eu nunca ter sido grande apreciadora de amarelo florescente. Deles diz-se que limpam a casa, cozinham e que depois, apagados no brilho do sexo oposto, se afogam nos copos de cerveja só para terem coragem de fazer um avanço. Eu só os vi como afáveis e conversadores, sempre por detrás de um pint, é certo, mas isso por cá é feitio e não defeito. Se calhar, só assim toleram a calma constante da terra que, a braços com a histeria da recessão, ainda não percebeu o segredo do Tigre Celta. Não que isso agora importe, neste tempo em que se pagam os desrespeitos às crenças divinas dos últimos anos.
Também por cá se gastou mais do que se tinha. Se compraram carros, se vestiu o armário e se criaram ilusões de que nunca mais os tempos da Fome da Batata iriam voltar. Agora os mercados tremem menos do que a alma de irlandeses que, habituados a tudo, não querem voltar à pobreza, quase como se vivessemos num país de "novos ricos". Vêem-se os primeiros sinais de racismo e xenofobia já no final do túnel e não devemos admirar-nos com a possibilidade de tempos difíceis quebrarem a calma dos prados que rodeiam as cidades. A verdade é que se calhar não vai ser nada. Muito provavelmente a economia recuperará mais depressa que as feridas do passado difícil que ainda se lê nas rugas.
Do que será da Irlanda saberei eu tudo, em casa, sentada no sofá, apertada nas saudades das pessoas que por aqui conheci, dos amigos que pelo mundo espalhei e que, receio bem, não voltarei a ver. Maldita mania esta dos portugueses se ligarem às coisas quando sabem de antemão que elas não são mais do que uma passagem.

Feicfidh mé thú Èire



To build a home - Cinematic Orchestra

A listagem que faltava

Eu sempre fui uma fã das listagens. Não que o gosto pelo jornalismo quase esquemático tipo Elle, Cosmopolitan ou Vogue abone muito em meu favor, mas a verdade é que não resisto a uma leitura de qualquer artigo que me apresente as dez coisas que devo evitar quando vou a um supermercado, os 20 sítios a conhecer no mundo, os 15 discos obrigatórios na prateleira ou as cinco dicas para ficar mais parecida com a Scarlett Johansson (reparem que só ponho cinco, porque, de facto, a semelhança entre ambas é assustadora). Digámos que é daquelas coisas que fazem parte dos nossos instintos e que, por muito que as tentemos combater, não conseguimos ultrapassar. Aliás, é por esta razão que tenho evitado uma adesão ao Meo, pois receio ficar verdadeiramente viciada nesse portento do entretenimento norte-americano que é o canal E!, onde grande parte do dia é passado a mostrar o top ten das estrelas mais trashy ou mais sexy ou mais qualquer coisa.

E tudo isto apenas para introduzir o texto que se segue...

As 6 razões para conhecer a Irlanda

1. Paisagens: Terra de extensos prados verdejantes, as paisagens naturais irlandesas conseguem ser quase breath taking, mas desenganem-se os que acham que tudo se acaba nos campos. A verdade é que nunca se sabe onde podemos encontrar um castelo ou uma falésia a rasgar o mar.

2. Arquitectura e edifícios: são de todas as cores por aqui e dão uma ar colorido e bem disposto a qualquer rua, como que a contrastar com o cinzento carregado do céu. Não que se encontrem muitos espaço de interesse histórico ao estilo europeu tradicional, mas os centros das cidades são, tipicamente, espaços a conhecer.

3. Pessoas: simpáticos e hospitaleiros, os irlandeses estão sempre dispostos para uma boa conversa, principalmente depois de uma ou duas Guiness. Referência especial à beleza feminina, um segredo para muitos homens que continuam a correr atrás de italianas e raparigas do "bloco de leste".

4. Scones: Um vício que se entranha sem darmos conta.

5. Estilo de vida: sempre fui fã do horário 9am as 5pm, mas agora sou acérrima defensora deste estilo de vida que nos permite ter, de facto, uma vida. Novidade para os habituados a passar quase a totalidade do dia no local de trabalho, ou no seu caminho, parece impossível pensar em chegar a casa com energia para sair, correr, passear ou simplesmente ficar na conversa.

6. Guiness: quando bebemos um pint, ficamos sempre com a sensação de que comemos uma refeição completa, com sopa e sobremesa incluída.

As 6 razões para fugir a sete pés da Irlanda

1. Comida: Na irlanda o acto de comer é pura e simplesmente uma necessidade primária. Comer uma refeição completa ou uma sanduíche com qualquer coisa lá dentro é precisamente o mesmo para um irlandês. Uma ideia que causa uma certa estranheza a mediterrânicos habituados a passar bons momentos à volta de uma mesa enfeitada com vinho e pratos a fumegar. Aliás só assim se entende que o prato típico do St Patricks Day seja bacon cozido com couve cozida.

2. Tempo: Não porque chove muito, mas pela inconstância do clima. Num mesmo dia atravessamos as 4 estações do ano o que é, honestamente, um tormento.

4. Café : Simplesmente horrível

5. Nível de vida: O preço médio das coisas é muito elevado, tendo em conta o poder de compra português. Confesso que ainda me faz confusão comprar carne e maças à unidade, pagar 8 euros por azeite e 28 euros por duas lulas e quatro postas de bacalhau fumado.

6. A falta de sentido de humor dos irlandeses: Não são fãs de ironia e, na maior parte dos casos, não percebem o sarcasmo. Torna-se difícil dizer piadas por esta terra, uma vez que é preciso depois explicar que não era uma ofensa.

Feicfidh mé thú

quarta-feira, 29 de abril de 2009

Momento de elevada tipicidade

Esta faz parte do folclore local e fala das qualidades da miuda de Galway. Uma das obrigatorias por estes lados.




Feicfidh mé thú

Furba

Qual e a melhor maneira de viajar a pala na Irlanda?

Explicar as pessoas que os nativos do sul da Europa detestam fazer coisas sozinhos.

PS: Aproveito para deixar a sugestao de introduzir a palavra italiana Furba no vocabulario portugues. Significara qualquer coisa como chica-esperta!


Feicfidh mé thú

terça-feira, 28 de abril de 2009

Blue

A pior parte de tudo isto é teres que agora andar a dizer adeus as pessoas com quem viveste nos ultimos meses. Sem vontade nenhuma de escrever sobre qualquer materia.

Feicfidh mé thú

terça-feira, 21 de abril de 2009

Sobre a crise...

Algures no arquivo deste blog está guardada uma reflexão (pouco fundamentada) sobre a crise na Irlanda. Serve o presente post para fazer uma adenda a esse texto:

A situação económica na Irlanda deve estar mesmo má, se:

.alguém acha que ganha alguma coisa em roubar a carteira a uma portuguesa;
.a rádio passa reportagens especiais e directos sobre o processo de recrutamento do IKEA;
.as pessoas em vez de serem despedidas, "are made redundant";
.há lojas com cartazes a dizer Happy Recession e
.pelo menos uma casa que vende sandochas (vulgo diária irlandesa) fecham todas as semanas.

Feicfidh mé thú

E se não é sábado é domingo

Já que esta maravilha de indivídua resolveu meter-me nestas andanças, aqui fica esta imagem horripilante (muito contra vontade, porque eu cá detesto gatos):

E agora, para os milhares de fãs deste espaço, ficam os nomeados na categoria: "Este blog é tão bom que até arrepia".

De volta para Maravilha de Mundo e Artigos e Tal.
Esquece tudo o que já viste sobre (tudo e mais alguma coisa)
BifidusActivus
Mau Feitio
Blog dos Marretas
Reflexões de um cão com pulgas
Invisible Red.

Considerem-se os visados notificados da entrega deste galardão. Se não lêem o meu blog, está mas é na hora de ganhar juízo!

Esta é a regulamentação, devidamente aprovada pela autoridade competente:

1) Reencaminhar este prémio a 10 blogues;
2) Exibir a imagem do prémio;
3) Postar o link do blogue que premiou;
5) Avisar os premiados;
6) Publicar as regras.

PS: A decisão sobre a entrega dos prémios foi devidamente acompanhada por um representante do Governo Civil.

Feicfidh mé thú

sexta-feira, 17 de abril de 2009

O mundo dos "rodas baixas"

Parece que anda por ai a circular um anuncio ao detergente Skip a vaticinar que o Futuro pertence aos pequeninos. Ora, se de facto esta visao quase napoleonica do amanha se vier a preconizar, ha duas ou tres ideias que gostava de deixar aqui para que o mundo possa estar preparado para tal coisa:

1. A primeira mensagem fica para as empresas de mobiliario. Acho que esta na altura de perceberem que os armarios superiores da cozinha nao precisam de ter mais do que uma prateleira. O objectivo dos espacos de arrumacao e que as coisas fiquem, literalmente, a mao de semear e nao na estratosfera.

2. O segundo ponto a abordar sao os balcoes e respectivos bancos. Das duas umas: ou se extingue a ideia do banco de balcao, ou entao ha que incluir um pequeno degrau nos mesmos, para evitar a sempre triste figura de ver as pessoas a esticarem-se todas so porque querem almocar sentadinhas.

3. Se calhar era de pensar subir um pouco o nivel do banco do condutor do carro. E que, pelo menos por uma vez na vida, gostava de ver o capot do automovel quando estou a conduzir.

4. Calcas de ganga. Sera que as empresas de vestuario acham que alguem tem mesmo aquele comprimento de perna?

5. A ultima mensagem vai para os bancos e para a mania de colocarem os ATM exteriores a dois metros de altura. Nao sei se ja perceberam mas torna-se dificil mater a confidencialidade do pin quando o ecra esta a mesma altura que o nosso nariz.

Tenho dito.

Feicfidh mé thú

Voluntários precisam-se

Chama-se Terra dos Sonhos. É uma IPSS. Ajuda crianças. Ajuda-nos a nós. Ajuda-nos, porque os faz sonhar, mesmo que apenas por um dia.

Se têm um tempo livre, se gostavam de ser voluntários(as), se quiserem fazer sorrir uma criança com doença degenerativa ou em fase terminal, façam esta viagem.

Ps: São necessários mais voluntários para o Núcleo do Norte.

Feicfidh mé thú

terça-feira, 14 de abril de 2009

Uma nota

Tinha que publicar este título...

Tree patient had fir-ight of his life

STUNNED doctors removed a two-inch long FIR TREE from a man's lung — after operating on him for suspected cancer.

Russian surgeons thought Artyom Sidorkin, 28, had a cancerous tumour when he started coughing up blood and complaining of agonising chest pains.

Publicado no The Sun, a propósito do russo que tinha uma árvore a crescer no pulmão. Andei eu a estudar cinco anos e nem perto de perceber um título tão complexo em cinco minutos fiquei, quanto mais de produzir esta quase obra de arte...

Feicfidh mé thú

A bolha especulativa de apoio à selecção

Carlos Queiróz descobre a relação entre o apoio à selecção e a crise dos mercados financeiros.

"Comparado com o trabalho do anterior seleccionador, Felipe Scolari, o actual técnico da selecção diz sentir o apoio dos adeptos. "Acredito que a onda de apoio à selecção não esmoreceu. É claro que é diferente do Euro 2004, onde até os bancos investiram muito dinheiro. São tempos diferentes onde o apoio se manifesta de forma diferente", contou, lembrando a crise económica mundial."
in Público

Pois claro, não é que os portugueses não se revejam na actual forma de jogar da selecção, o problema é que os momentos de apoio vividos nos últimos anos em torno da equipa das quinas eram claramente uma bolha especulativa!!!

PS: E pelos vistos também há um activo tóxico...chama-se Nuno Gomes.

Feicfidh mé thú

sexta-feira, 10 de abril de 2009

Sexta-feira Santa

Descobrimos ontem que os pubs na Irlanda estão fechados até amanhã, isto porque, por estes lados, é proibido vender álcool na Sexta-feira Santa.

Ah! Então é por isso que na quinta estava tanta fila no supermercado.....

Feicfidh mé thú

Habitos culturais

E facil descobrir os latinos aqui em Cork. Sao aqueles que aproveitam qualquer brecha nas nuvens para apanhar um pouco de sol! :)

Feicfidh mé thú

quinta-feira, 9 de abril de 2009

Agora vou-me esconder

Ja vi o Blindness do Meireles e gostei... Podem comecar a atirar as pedras, que eu ja estou protegida.

PS: Sim, eu li o Ensaio sobre a Cegueira (em caso de alguem se perguntar)

Feicfidh mé thú

Gosto muito

Gosto muito de Zero 7. Aqui fica Destiny, uma das que gosto muito mesmo.




Feicfidh mé thú

quarta-feira, 8 de abril de 2009

Ele ha coisa que me enerva

Se ha coisa que me enerva e, sempre que acontece alguma coisa no estrangeiro, ouvir trinta mil vozes logo a criticar o trabalho da embaixada. Como nao podia deixar de ser, na recente tragedia que assolou Italia, tambem se levantam essas vozes da discordia, que apontam o dedo a falta de trabalho dos nossos representantes no pais.
Eu vi o video disponivel no Publico com uma das primeiras jovens estudantes que chegou agora a Portugal, onde a mesma diz que nao foi contactada pela entidade. A rapariga pareceu-me bem de saude, nao estava visivelmente aleijada nem traumatizada, verbalizava bem e aparentava ter as capacidades cognitivas intactas, entao porque nao pegou no telefone e marcou ela o numero se precisava de ajuda?

Desculpem la, mas estas coisas fazem-me confusao. No meio de uma situacao como esta, onde centenas de pessoas morreram, perderam familiares ou ficaram sem nada, custa-me ver as pessoas dramatizarem o questoes que, a bem da verdade, nao tem sumo nenhum. Soa-me a falta de sensibilidade...

Feicfidh mé thú

terça-feira, 7 de abril de 2009

Em tempos de crise, corta-se a direito

Em tempos de recessão económica, o Governo irlandês decidiu tomar medidas de contenção orçamental, que permitam uma melhor gestão do dinheiro dos contribuintes. Como tal, anunciou que vai reduzir a equipa governativa e redistribuir as funções por aqueles que ficam.

Em Portugal despedem-se os porteiros, os recibos verdes e os contratados, aqui ataca-se o problema pelos salários mais chorudos. São maneiras de encarar a realidade...

Mais detalhes no Echo.

PS: A propósito o Orçamento de Estado prevê um aumento do desemprego na Irlanda para valores acima dos 15%, já no próximo ano. Não estou habituada a esta forma honesta de fazer política, acho que aí há coisa....

Feicfidh mé thú

Conducao sobre efeito do alcool

Convenhamos que a relacao de grande cumplicidade e partilha entre os irlandeses e o alcool, principalmente a cerveja, e ja considerada um traco cultural. No entanto, nao deixa de ser curioso abrir as paginas dos jornais e descobrir noticias como esta:
E preciso que o consumo de bebidas enebriantes atinja niveis surpreendentes para que se comecem a sentir problemas na normal circulacao maritima. Nao estamos propriamente a falar da Ponte 25 de Abril ou do IP4, onde o transito e as condicoes da estrada propiciem a existencia de acidentes.

Imaginem quando as autoridades descobrirem que a grande maioria da populacao da ilha conduz no lado errado da estrada e faz as rotundas pela esquerda....

PS: Nao posso deixar de fazer uma referencia ao nome do director of operations, Mr D'Arcy, certamente ele tambem um exemplo da rectidao moral e do decoro, tal qual a famosa personagem de Jane Austen. O que me leva a seguinte imagem, a verdadeira razao pela qual decidi publicar este post. Colin Firth for all you ladies out there:

Feicfidh mé thú

segunda-feira, 6 de abril de 2009

Pronto ok, é verdade

Não resisti a esta nova moda. Também já estou no Twitter!

Feicfidh mé thú

Choque cultural

E estranho falar com russos sobre liberdade de imprensa e imparcialidade dos media. Da um novo significado a palavra ceptico...

Feicfidh mé thú

Milagre

Cada vez mais me pergunto como fui capaz de sobreviver e crescer normalmente sem andar, desde os cinco anos, carregada de gadgets como este.

Vivemos tempos de histeria colectiva minha gente.

tenho dito.

Feicfidh mé thú

So passei para dizer que este fim-de-semana fui a Dublin

Muito bom....

Feicfidh mé thú

sexta-feira, 3 de abril de 2009

Mudam-se os tempos, fica a parvoice

Ontem, ao ler um post e tal, lembrei-me dos meus tempos de escola. Ja la vao uns anitos e meia duzia de centimetros a mais (ok, talvez esteja a exagerar neste aspecto) e devo confessar que estes exercicios de memoria regressiva me sao um pouco dificeis. Ha uma tendencia, com o tempo, a eliminar grande parte do pormenor desses anos aureos e a ficar apenas com uma imagem geral e mil vezes mais romantizada da juventude.
Muita coisa tera certamente mudado desde essa quase pre-historia, mas isso e assunto para post de gente que escreve de forma seria e pensada sobre as coisas A mim cabe-me olhar para essa tendencia tao juvenil de categorizar as pessoas em grupos, numa altura em que a identidade pessoal e uma realidade tao instavel. E claro que, hoje em dia, os jovens ja nao pertencem a grupos, mas sim a crews, que, convenhamos, e uma palavra mil vezes mais fashion, mas deixem-me ser cota por mais um bocado.

Nos recreios e espacos comuns do meu tempo escolar podiamos encontrar:

*Os Cromos: individuos que regra geral usavam oculos, camisa apertada ate ao ultimo botao e aquela camisolinha com padrao anos 70 em tons verdes, brancos e vermelhos. Eram conhecidos por serem bons alunos a matematica e por terem uma vida social pouco agitada;
*Os Maniacos do Desporto: sempre de bola de futebol debaixo de braco e prontos para uma partida, envergavem orgulhosamente o seu fato de treino. Nao eram grandes conversadores, mas gozavam de um certo estatuto junto da classe feminina;
*Os Metaleiros: depois de uns anos desaparecidos, os fas de sepultura, Iron maiden e Metallica estao a voltar. Com o andar pesado das Doc Martens, as calcas pretas justas e os cabelos compridos, nao largavam as t-shirts promocionais e espalhavam um certo medo a sua passagem;
*As Cheerleaders: ou miudas populares, sempre na moda e com uma grande legiao de fas, eram as primeiras a serem convidadas para qualquer festa;
*Os Alternativos: fumavam desde os doze, andavam sempre isolados e pelos espacosmais escondidos da escola, nao se envolvendo nas actividades de socializacao desenvolvidas para as massas. A maior parte era de artes e hoje, muito certamente, sao todos arquitectos.
*Os Betos: camisa aos quadrados, polo nas costas e cabelo a foda-se, chegavam todos cheios de manias nas motinhas que os pais lhes pagaram;
*Mais tarde vieram os Dreds: com calcas largas, fas de hip-hop e com bones de equipas americanas que nunca viram jogar, depressa se espalharam pelos corredores da escola.

Hoje em dia, e pese embora a persistencia de alguns destes grupos, o espectro de crews escolares e bem mais interessante e populado. Ja nao ha Cromos, mas gente com estilo vintage, os Maniacos do Desporto deram lugar aos Rastafari, as Cheerleaders sao umas meninas a beira das Lolitas, os Alternativos partilham os seus livros de Edgar Alan Poe com os Goticos e os Emos, os Dreds batem-se pela atencao das Tigresas. Os Betos agoram praticam surf e parafinam o cabelo e os metaleiros cruzam-se com os Hippies nos festivais.

Comeca a tornar-se dificil acompanhar toda esta mudanca social e, pasmem-se, ainda nao vivemos no Japao! A questao que fica agora e: E tu a que crew pertences?

PS: Aceitam-se ads a este post!


Feicfidh mé thú

quinta-feira, 2 de abril de 2009

Scaryyyyyy

"The voices are telling me to kill you....."


Este senhor com olhar psicopata e o Lord Mayor da cidade de Cork, como de resto podem comprovar pelo colar, uma bela peca de joalharia que o mesmo enverga em todos os eventos importantes. Devo dizer que foi apanhado num dia de cabelo bom, ja que nao tem nem uma melena no ar....


Feicfidh mé thú

quarta-feira, 1 de abril de 2009

Venham mais cinco

Sempre me fez confusao a ideia de um jornalismo amorfo, acritico e associal. Nao so porque acho impossivel de conseguir, mas porque, feitas as contas, nao acrescenta nada a sociedade onde se insere. Por isso, junto as maos para aplaudir esta iniciativa que esperemos traga, ao povo do Zimbabwe, mais do que dezenas de conferencias e conversa deitada ao ar alguma vez trouxe.
Porque ser objectivo nao e estar ao lado assassinos e facinoras... palavra especial para a campanha de publicidade escolhida para lancar o periodico:

Imagens in Invisible Red

Feicfidh mé thú

Degredo

O relogio marca 3 horas da tarde em Cork City e, numa das principais ruas da cidade, um homem ja mija contra a parede....

Nota: Em vez de cafe tenho que comecar nas Guiness logo pela matina. E que estou farta de ser uma inadaptada.

Feicfidh mé thú

terça-feira, 31 de março de 2009

A reter nos favoritos

Para quem gosta de criatividade.
Publicidade.
Branding.

Design.

...................a nao perder.
Ji lee

Feicfidh mé thú

sábado, 28 de março de 2009

Fala-me a cantar

Aqui fica um possível alinhamento de uma noite num qualquer pub em Cork:

Kings of Leon - Sex on fire



Não consigo lembrar-me de frase mais parva para se cantar aos berros!

The Script - The man who can't be moved



Beatles - Hey Jude



Michael Jackson - Billie Jean



Alien Ant Farm - Smooth Criminal



Prince - Kiss



Tudo isto pelo meio de Shakiradas, Bombas e outras relíquias. No final de contas, e retirando os clássicos, salva-se e recomenda-se Vampire Weekend, aqui no giradiscos com A-Punk.



Feicfidh mé thú

sexta-feira, 27 de março de 2009

I hear you

I totally hear you.

Feicfidh mé thú

Jade Goody: uma vida em frente da câmara

Imagino que todos estejam actualmente familiarizados com a figura de Jade Goody. Eu não estava antes de vir para a Irlanda e só após uma ilucidativa reportagem do Público fiquei a perceber quem era a aquela personagem que nos invadia a televisão e tomava de assalto as capas de todos os tablóides e revistas. Não há muito para dizer sobre Jade, pelo menos muito que seja segredo e que não tenha sido vivido em frente a uma câmara de televisão. Ela fazia parte daquela que será, para mim, uma das principais crews do século XXI: pessoas que nunca fizeram nada de especial na vida e que se tornam famosas por se exporem na televisão. Uma inglesa comum que não era uma personagem particularmente interessante, não era especialmente inteligente, não era muito culta, fazia comentários racistas e polémicos. No entanto, quando morreu a revista OK resolveu fazer esta capa:

Expôs-se em vida no programa Big Brother, onde ficou famosa pelas calinadas. Expôs-se até à morte neste passado domingo, resultado de complicações de um cancro. Diz-se que o fez para conseguir juntar um pé-de-meia interessante para os dois filhos que deixa. E aqueles que a elevaram ao estatuto de estrela internacional, fizeram-no porquê?

Feicfidh mé thú

Mais vale tarde que nunca

O desfile está marcado para a uma da tarde e por volta do meio-dia já as ruas se emparedam de pessoas. Entre as grades e as cadeiras, a multidão verde acorre ao balcão mais próximo para agarrar a sua cerveja. Se calhar ainda há tempo de ir ao dinner da esquina comprar um menú de frango frito e batatas para forrar o estômago. A única ida à casa-de-banho que se aceita a esta hora é para esvaziar a bexiga, porque nós aqui na Irlanda não somos meninas. Mas tenho de ter cuidado com a tinta da cara, não quero que o laranja, verde e branco se misturem antes das fotografias da praxe, e este chapéu que não fica quieto com o vento que se faz sentir esta tarde em Cork! Graças a Deus que está sol, não aguento mais um ano a ver a parada à chuva!

Que horas são afinal. Meia hora. Olha para aquele grupo de miúdas?! Têm para aí treze anos e já têm mais carne à mostra que cérebro. Ui detectaram-me, já vêm a caminho para me cravar um cigarro. "Pega lá o fag, mas devias deixar-te disso, és muito nova."
Já perdi o meu lugar junto à grade, que chatice! Vou até à margem do Lee, se calhar consigo encontrar um buraco para espreitar os grupos que já se afilam do outro lado. Aproveito e espreito as barraquinhas do Barry's Tea Food Market, a dieta fica para amanhã e talvez compre um pouco daquele fudge de chocolate e menta. delicioso...

O desfile já começou e lá vêm os grupos, a ver se há novidades. Um dragão de 40 pés, o grupo de samba do Professor Gaúcho, os filipinos tão animados com a sua percussão. Vêm também os miúdos com as bolas de basquetebol e futebol. Continuo sem perceber porque alinham na marcha! Bandas de música, escolas de línguas, crianças mascaradas a correr e grupos de teatro. Agora vêm os maluquinhos a rezar o terço.

Sinceramente isto dos desfiles de Carnaval só mesmo no Brasil, que aqui não há nada para ver.

Nunca mais acaba, quero mas é ir para um pub e beber toda a tarde.


Vou-me já pôr a caminho, antes que os homens da limpeza entrem ao serviço. De facto, a rua já ganhou nova cor com esta cobertura de papel, comida, bebida, latas e chiclets, felizmente já vejo o Old Oak além, acho que há música ao vivo hoje de tarde. Vêm as miúdas outra vez. Outro cigarro?! Vai mas é para o c******!













PS: esta é a descrição que eu poderia ter feito se tivesse visto o desfile. Como sabem estava dentro da própria parada a tentar fazer o grupo indiano andar mais depressa com os seus vestidos unisexo travados.


Feicfidh mé thú

quinta-feira, 26 de março de 2009

Hoje vou a esta


Hoje la estarei no Crane Lane para esta festa. Devo dizer que a descricao me ganhou quase no primeiro paragrafo. Aproveito para aconselhar este espaco a todos aqueles que um dia se percam e venham ter a Cork.



Boutique Baroque
'A sinister celebration of Darque Burlesque with live vaudeville ROCK music, risqué dance and all manner of gloomy eccentricities'. Ever wondered what would happen if you mix any Tim Burton film with the Rocky Horror Picture Show, add some Pixies rock and Ziggy Stardust glam and give it all a spin with a naughty burlesque twist?

The result is the birth of a magical, mysterious and melodramatic Boutique BaROQUE! On Thursday March 26th in Cork's Crane Lane Theatre, an extraordinary selection of obscure artists will provide all night entertainment that will leave you quiver with delight for days. Black Sookie from Northern Ireland is going to hypnotise you on to the dancefloor with their Acid Big-Band, Boneyard Boogie and Vaudeville Swing Rock. Think Ed Wood and Bugsy Malone dancing the Charleston in Kazakhstan and you're almost there! At midnight the demons come out with Dj Savage Mantle, playing a dark but danceable mix of The Smiths, Joy Division and The Cure, to name but a few. In the meantime, Augustus is going to astonish you with his creepy contortion act, while your darkest desires will be triggered by our femmes fatales Miss Sparky, The Flintstones and Lady Von Envie. Also don't forget to keep your sins for confession with Sister Fellatia Polyramia as her helpers Cruella de Laceration, & Irishisis will surely know how to administer the appropriate penance! Hosted by the devilish Ms Dahlia Rose & Harold Offeh, there will never be a dull moment! Dress to impress and rock the night away in your black corset, kinky boots, KISS make-up and snake leather pants. Discover your darque side!

PS: Nao se assustem, juro que nao tenho calcas com padrao pele de cobra...

Feicfidh mé thú

A frase

"É o que dá viver sempre em guerra. Os israelitas no Club Med não se dão com ninguém, andam sempre em colonato de um lado para o outro."

José de Pina in Twitter


Feicfidh mé thú

terça-feira, 24 de março de 2009

Claro...claro...

Talk to the hand, 'cause I'm in my Actimel bubble.

Don't know.
Don't care.
Not listening.

Feicfidh mé thú

segunda-feira, 23 de março de 2009

Um aplauso ao empreendedorismo português

Não resisti a partilhar esta informação convosco, a história de uma cadeia de restaurantes de shopping com temática portuguesa. Pensam vocês sobre que maravilhosos petiscos estarão a ser espalhados por esse mundo fora. Receitas de bacalhau? Doces conventuais? Cozido à portuguesa? Pois claro que não, e difícil seria encontrar algo mais típico do que a nossa chicken peri-peri!!! Confesso que ainda demorei uns minutos para perceber que se referiam a pito de churrasco com molho de piri-piri, mas se calhar foi porque fiquei perdida na lista de sobremesas, onde encontramos essa iguaria tão portuguesa: a tarte de coco! Shame on me, que me tinha esquecido como os coqueiros abundam nas nossas paisagens.

O Nando's ao que parece é um sucesso por terras britânicas e irlandesas, certamente muito por força do poder milagreiro da sua mascote: um renovado Galo de Barcelos.

Moral da história: meus amigos não há segredos a serem descobertos na Europa, tudo é Barcelos (ponto final parágrafo).

Feicfidh mé thú

A ter no iPod

Há assuntos sobre os quais me nego à imparcialidade. Antony and the Johnsons é, desde há algum tempo, uma dessas matérias sobre as quais não tenho uma visão distanciada. Uma figura controversa e ambígua, que, como qualquer génio, nasceu com o dom de Midas, essa capacidade de transformar em ouro tudo aquilo em que toca. A sua última pérola, na qual estou absolutamente viciada, dá pelo nome de Crying Light e é o mote para a tournée mundial de 2009, com paragens em Porto, Lisboa e Braga.

Aqui deixo umas das minhas faixas favoritas e que me põe sempre bem-disposta: Epilepsy is dancing, num vídeo que, ainda que não gostemos, não nos deixa indiferentes, tal qual Antony Hegarty...




Ps: Qualquer semelhança entre o videoclip e Ophelia de Millais provavelmente só existe na minha cabeça.


Ps2: Já devidamente acentuado para a Flá.

Feicfidh mé thú

domingo, 22 de março de 2009

Ora toma que já almoçaste

É nisto que dá o choque tecnológico e subsequente desinvestimento na área de letras e línguas. Aposto que eram excelentes alunos a português técnico.

Feicfidh mé thú

Becoming Irish

Tenho falhado um pouco nas actualizações deste espaço, pois, como diria qualquer verdadeiro irlandês, "I've been very busy". Ainda que não tenha estado a fazer nada de especial, ainda que tenha tido mais que tempo para escrever, eu, como eles, tenho de estar sempre muito ocupada. Aprendam comigo que eu não duro sempre, esta frase é um MUST no vocabulário de qualquer emigrante que se prepare para vir para as verdejantes planícies da Éire.

O irlandês está sempre very busy quando, numa reprografia ao lado da Universidade, demora dez minutos a imprimir um poster, ainda que, se tivesse pousado o copo de chá por apenas dois segundos, conseguisse mexer no computador com outra eficiência; quando atende o telefone para que lhe possamos colocar duas questões para um artigo que estamos a escrever, apesar de estar em baixa de maternidade; quando está no escritório, em horário de trabalho, e recebe visitas de possíveis clientes. É uma forma de estar engraçada a dos povos destas terras. Levam a vida com uma calma quase alentejana, embora em discurso não se poupem às frases e expressões alfacinhas.

A comparação com Porto é inevitável, visto Cork tratar-se da segunda maior cidade do país, ainda que pouco verosímil dada a acentuada diferença de ritmo. Aliás, a única semelhança que conseguimos encontrar com a bela Invicta é a "street fashion" que, a cada esquina, nos lembra a Ribeira. Roupas que se parecem com pijamas, argolas exageradas em rostos bem maquilhados e molas no cabelo que enfeitam os fatos-de-treino de domigo. Só falta o palavrão na ponta da língua..... ai as saudadinhas do Porto.

Feicfidh mé thú

sábado, 14 de março de 2009

St Patrick's Festival

Depois da experiência Cork French Film Festival, segue-se o voluntariado no St Patrick's Festival. A ver como me desenrasco a orientar as 360 pessoas da minha secção.

A propósito, começam hoje as festividades...

Feicfidh mé thú

quinta-feira, 12 de março de 2009

A frase do mês

"Quando passeio na rua tenho a sensação que as Spice Girls só podiam ter saído das Ilhas Britânicas!"

Créditos à L. que tão bem resumiu o sentido de moda das adolescentes de Cork, aparentemente vidradas em todo o artigo que brilha, mostra a barriga ou inclui cores fluorescentes...

Feicfidh mé thú

Esta semana lembrei-me de ti...

Filhota esta semana enquanto passava ao largo do Marks & Spencer lembrei-me de ti...ou devo dizer de nós.
Duas jovens com cabelos bem armados com laca gabavam a montra: Isn't that absolutely faaaabulous!!! A única coisa que faltava era o Champgne, certamente escondido na carteira....


Um abraço...

Feicfidh mé thú

terça-feira, 10 de março de 2009

A volta?

E com tristeza que vejo o retornar da violencia a Irlanda do Norte, situacao que tenho acompanhado pela imprensa portuguesa. Ainda por cima a tao pouco tempo das comemoracoes do St Patricks Day.

Depois de alguns anos de paragem na luta armada parecia impossivel que os ataques terroristas e assassinatos pudessem voltar a Eire. Sinais da crise?

Feicfidh mé thú

segunda-feira, 9 de março de 2009

As 5 coisas que precisas de saber antes de ires a um pub

É comum dizer-se que antes de partirmos para qualquer lado devemos procurar saber alguma coisa sobre a cultura e os hábitos locais. A verdade é que nem sempre é fácil encontrar fontes de informação sobre locais classificados como pouco interessantes no panorama do turismo mundial. Sendo assim, cumpro aqui o meu dever de serviço público deixando uma lista de coisas a ter em conta antes de uma saída à noite na Irlanda:

1. Nunca jantar a horas normais, porque depois já só se sai de casa às 11horas, o que é praticamente o equivalente às 3 da manhã portuguesas;

2. Levar identificação sempre no bolso, porque quando se mede pouco mais de metro e meio ninguém acredita que temos mais de 21 anos;

3. Ter cuidado ao passar ao lado de uma irlandesa com um copo na mão e abrir um grande corredor quando elas querem ir à casa-de-banho. Isto se quiserem manter a vossa integridade física.

4. Saber uma musiquita dos Beatles na ponta da língua, pois nunca se sabe quando no final da noite toda a gente se junta em uníssono para um Hey Jude.

5. Perceber que pint se pronuncia "pãet".

Feicfidh mé thú

Turistas por uma tarde

Um mês depois da chegada a Cork fazia sentido fazer a primeira visita digna do nome turística à cidade que tão bem nos tem acolhido. O objectivo era descobrir o Blackrock Castle, situado a alguns quilómetros do centro da cidade. Claro está que sair de casa a um domingo antes das 3 da tarde é coisa impossível para duas jovens tão ocupadas como nós e, verdade seja dita, também não se compreende que as coisas tenham todas de fechar portas às cinco da tarde! No final de contas, e apesar das igrejas estarem todas encerradas neste que é o dia de descanso do Senhor, a tarde foi bem passada no gelado lado Norte da cidade, onde por entre os pubs se descobrem as lojas polacas, africanas e indianas (vulgo lojas dos "pipi" cents, entenda-se fifty cents em inglês com sotaque oriental).

Aqui ficam os impressionantes registos, bem demonstrativos do meu talento para a fotografia.

Ainda no centro, a minha rua favorita de Cork

Um mural nicaraguano, pintado numa das paredes exteriores da galeria Triskel, só para fazer inveja a quem não sente um sol quente há tanto tempo.

Uma vista sobre o Lee
Uma igreja qualquer

Esta não precisa de legenda

O café oferecido no pub com imagens dos Beatles

A movimentada rua St Patrick
Feicfidh mé thú

Snowy Cor

Porque quem mora em Guimarães não está habituado a estas intempéries, aqui ficam as imagens de Cork com neve.

Vista da janela do corredor, logo ao acordar.

A caminho do trabalho há sempre tempo para tirar uma foto

Ou duas...

... ou muitas e depois chegar atrasada ao local de estágio.

Feicfidh mé thú

quarta-feira, 4 de março de 2009

Let it snow

Hoje acordei com a neve a bater a porta... Por isso partilho convosco:



Feicfidh mé thú

terça-feira, 3 de março de 2009

Vermes espectaculares

Um abraço ao Bruno, oriundo de terra com minhocas tão especias...

Feicfidh mé thú

Afinal sempre é verdade

Começo a ter saudades do sol...

Alguém quer contribuir para a causa?

Feicfidh mé thú

A crise irlandesa

Parece impossível nos dias de hoje estar num sítio sem ouvirmos repetidas vezes a palavra crise. A Irlanda, como é óbvio, não representa uma excepção neste ambiente de caos e medo global. Como tal, tão certo como não há conversa nenhuma que se inicie sem se abordar os enormes benefícios e vantagens de beber diariamente uma Guiness, não há paleio que não termine em lamúrias sobre a economia global.

Não posso dizer que não estava à espera de um tal cenário quando saía de terras lusas. A verdade é que, poucos dias antes de partir de Portugal, os telejornais noticiavam que a Irlanda era um dos países onde se sentia a eminência de uma falência do Estado.

Numa rápida volta pelo cento de Cork vejo: as lojas cheias, os cafés e lojas de comida a laborar a todo o vapor, os pubs com considerável afluência diária de clientes para os seus pints de 5 euros, os mercados e supermercados a fervilhar. Não digo que a situação não é séria. O desemprego cresce, principalmente nas camadas mais jovens, as pessoas começam a sentir as primeiras dificuldades no pagamento das prestações das casas, os preços, dizem-me, subiram em flecha, as empresas passam dificuldades; no geral a economia irlandesa ressente-se da sua grande dependência face aos EUA.

No entanto, não posso deixar de comentar que o que vejo aqui é uma realidade de todos os dias do Portugal dos útimos 4/5 anos.... Das duas uma: ou nós temos um Estado com uma capacidade de resistência inominável a tempos díficeis ou então sou eu que não percebo, com a devida propriedade, as análises económicas da imprensa portuguesa.

Inclino-me mais para a segunda, pois como toda a gente sabe eu é mais croissants...

Feicfidh mé thú

segunda-feira, 2 de março de 2009

Apontamento para memória futura

Pintar o cabelo de loiro para deixar de ser confundida com italianos e espanhóis. Pesada herança esta, a da invisibilidade lusa... Porca miséria!!

Feicfidh mé thú

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Hi5

Não se aceita neste blog qualquer comentário ao comportamento deplorável do Sporting no último jogo da Liga dos Campeões.

Feicfidh mé thú

terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

Missing Portugal...

Esta fez-me rir, juro que fez. PSP no seu melhor...

E esta tambem...

Uma pessoa pensa que vai ler jornais e sai-lhe o Gato Fedorento, por favor...

Feicfidh mé thú

Uma pausa para sugestão musical

Paro aqui os relatos para deixar uma sugestão musical:

Foge Foge Bandido e o seu Ninguém e quem queria ser



O projecto a solo de Manuel Cruz, o vocalista, o cérebro, o génio dos idos Ornatos Violeta (entre outros projectos e participações)...

Feicfidh mé thú

Cade o entrudo??!!


Descobri esta semana que na Irlanda nao se festeja o Carnaval! Nao que a populacao de Cork precise de ter uma razao para se mascarar, ja que em qualquer sabado a noite se podem encontrar outfits digno de qualquer festa carnavalesca. A questao e que eu pensava que o Carnaval constava da lista de festividades globais!!

A proposito de festividades e paragens, aproveito para deixar aqui uma nota. Na Irlanda os feriados que calham em tercas ou quintas sao deslocados para a segunda-feira seguinte, para desta forma se evitarem as pontes. Como verdadeira tuga, nao sei se aprecio a ideia. O que acham disto? ;)

Feicfidh mé thú

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

Pronúncia do Norte

Há coisas que nunca se perdem onde quer que estejamos. A pronúncia do Norte é uma dessas marcas que nos acompanham para a vida, pois um destes dias em vez de escrever event, dei por mim a escrever ebent.

Sara Cunha a trocar os v's pelos b's desde 1982.

Feicfidh mé thú

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Comentário obrigatório

Tenho-me esquecido de comentar um tema que é obrigatório para qualquer emigrante português, a qualidade do café. Vou abster-me de publicar qualquer opinião sobre isto, pois não se pode comentar o que não existe.

Encomendas aceites em 54 Friars Walk, Cork City, IRELAND!! ;)

Feicfidh mé thú

Lixogate

Em tempos em que o mundo se questiona qual será o seu futuro, olhando com incerteza para a falhas dos grandes pilares da sociedade moderna, cabe pensar sobre aquela que poderá ser uma das grandes causas de possíveis guerras futuras: o lixo.

Depois dos problemas levantados em Nápoles e da greve dos cantoneiros no Porto, seguem-se as leis do lixo irlandesas. Parece impossível, mas a verdade é que na Irlanda a recolha do lixo não é feita todos os dias! Nem sequer todas as semanas! As recolhas são feitas em dias marcados e os contentores só podem ser postos na rua na véspera. Traduzindo, a recolha do lixo normal só acontece de duas em duas semanas. E perguntam vocês: Onde ficam estão os sacos? No nosso caso, numa varanda das traseiras, na casa dos outros não tenho nada a ver com isso.
Em teoria, este sistema permite criar hábitos mais amigos do ambiente no que toca à produção de resíduos. Na prática e no que toca a estrangeiros resulta nisto:

Escusado será dizer que, dos quatro contentores que pusemos lá fora, apenas dois foram recolhidos, isto apesar da bela mensagem que deixamos aos cantoneiros:


E porquê?, perguntam vocês. Não faço ideia, respondo eu.

Estou em condições para afirmar que estamos à beira de uma crise do lixo nesta casa, pois agora só passam cá outra vez no próximo dia 5 de Março. À procura do número de emergências do lixo...

Novos episódios em breve....

Feicfidh mé thú

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Um dia normal em Cork

Quando acordei de manha fiquei mal disposta. Estava um dia horrivel de Inverno, com chuva, frio e um ceu carregado de nuvens cinzentas. Sao agora 12h e o sol primaveril brilha la fora. De tarde quero ver folhas a cair e aquele quentinho de ferias grandes...

Mais um dia normal na ilha onde, num so dia, percorremos todo o ano climaterico.

Feicfidh me thu

PS: Este post vai ficar sem acentos, para demonstrar o espectaculo que e o teclado local!

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Afinal ele existe

Para os que duvidavam que tal coisa pudesse existir, aqui fica: O MELHOR EMPREGO DO MUNDO!!!

Do dicionário e afins...

Percebes as diferenças culturais quando o dicionário do teu telemóvel irlandês contempla a palavra U2!

I wonder about Michael Collins?!

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Em todo o lado há um português

Neste caso são dois: Jacintinha e Francisquinho a secundar com grande profissionalismo Nossa Senhora de Fátima...

Encontrada esquecida, só e abandonada no topo do armário...

Nível de vida da Irlanda

Para aqueles que pretendem fazer uma visita a terras irlandesas, aqui ficam alguns índices fidedignos no que toca à análise do nível de vida da população corkiana:

Indíce Big Mac: criado pelo Economist, é um dos meus favoritos - €6,50 (Menú);

Indíce Fino: bastante importante para viajantes na faixa etária dos 20 - € 4/ € 5 (500ml);

Indíce Iogurte Yop: criado por mim e excelente para as famílias - € 0,95 (unidade);

Indíce Azeite Virgem Extra: importante para apreciadores da cozinha mediterrânica que queiram vir a Cork - € 6 (no mínimo por um verdadeiro extra virgem, os outros, que por sinal não têm grau de acidez, ficam na casa dos €4 e têm consistência de óleo);

Indíce Saco de Snickers miniatura: um essencial em qualquer viagem - €2;

Indíce Tabaco: para os que vêm sem material - € 7,14 por Pall Mall azul a saber a palha (por isso ou trazem de casa ou deixam de fumar).

Prometo actualização na informação, quando ganhar coragem para comprar mais coisas... :)

Feicfidh mé thú

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

CSI Cork: Murder in the block...

Eram 7h30 da manhã em Cork City... O frio apertava lá fora e as pessoas recolhiam a casa após uma noite passada na simpática companhia do álcool... Eddie Gallagher era um dos típicos irlandeses que, nessa hora, voltava da folia em dia de S. Valentim. No entanto, a noite não terminaria da melhor maneira para este jovem de 27 anos, que viria a ser esfaqueado mesmo em frente da sua porta. Porta esta localizada a escassos metros dos aposentos escolhidos por 6 jovens estrangeiros para enfrentarem as agruras de um período de estágio internacional...

O jovem viria a falecer mais tarde, já no Hospital da cidade, onde chegou tarde de mais. De imediato entra em acção a polícia irlandesa (Gardaí) que, secundada pelos cientistas do Crime Lab, resolveram cortar a rua e impedir que duas famintas portuguesas pudessem passar para ir ao supermercado. Depois de umas horas a vasculhar carros, espalhar pós, fotografar o chão e beber cervejas (cuidadosamente colocadas sobre o tejadilho do carro da polícia), os Gardái abandonam o local, prometendo voltar no dia seguinte para recolher depoimentos.


Já na segunda-feira, Zaramateka é acordada de sua bela sesta fora de horas para responder a um questionário em papel e trocar uma impressões com polícias à paisana. De pronto, os agentes da autoridade asseguram que a comunidade está chocada, pois este género de ocorrências não são normais na região, e adiantam que tudo não deverá passar de uma rixa entre amigos.

Zaramateka bebe um copo de água e volta para a cama, pois amanhã é dia de trabalho...

Feicfidh mé thú

PS: Para um relato mais preciso (ou talvez não) ver o Evening Echo.

sábado, 14 de fevereiro de 2009

Home dulce maison

Uma das coisas mais interessantes em experiências internacionais é o contacto inevitável com pessoas vindas de várias localidades. A casa onde moro é um bom exemplo do choque cultural e das dificuldades de comunicação que daí resultam, uma vez que estão confinados ao mesmo espaço 3 franceses, 2 portuguesas e 1 italiana. Não se pode dizer que as principais diferenças se notem na forma de vida ou na comida, até porque todos temos uma base mediterrânica, o pior dos problemas é, sem dúvida nenhuma, a linguagem.

Ontem um dos franceses dizia com graça que achava que nos entendiriamos melhor em latim do que em inglês. E o pior desta afirmação é que é verdade!! Isto porque os franceses, para além do seu sotaque carregado nos Rs, têm muita dificuldade em construir uma frase em inglês e a italiana só sabe dizer umas palavras. Modéstias à parte, são as portuguesas que mais fluentemente falam a língua local e, como ninguém fala português, que têm de fazer das tripas coração para entender italiano e francês. Acho que eu e a L. sairemos daqui a falar três línguas e prontas para a emigrar para qualquer parte do mundo.

Uma coisa que certamente levarei daqui reforçada é a ideia de que os portugueses são um povo com uma capacidade de encaixe e adaptação acima da média, para além de serem, sem sombra de dúvidas, um dos países europeus onde o ensino de línguas está mais evoluído. Pelo menos neste ranking devemos estar no grupo dos líderes...

Feicfidh mé thú

Mudança de planos

A minha tutora disse-me, esta semana, que na Irlanda as pessoas são bastante relaxadas. Não sei se é verdade ou apenas uma desculpa para o facto de ela ser uma grande despassarada. A verdade é que, afinal, não vou estar a trabalhar no St Johns College, mas antes em acumulação de horários em dois locais. Pela manhã, estarei, a partir de segunda-feira, num jornal destinado à comunidade emigrante radicada em Cork, de nome Cork's Multicultural, e, pela tarde, numa escola de línguas a ajudar a organizar a vinda de vários grupos de estudantes italianos a esta bela localidade.

Assim se faz o update da minha vida em Cork, pelo menos até ver, porque com a Joan (tutora) todos os dias são uma novidade...

Feicfidh mé thú (See you em gaélico)

PS: Ainda assim o dia de trabalho termina às cinco, que depois já deve ser hora de ir para o Pub...

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

O frio é relativo...

Estão cinco graus lá fora e as "corkianas" andam todas de mini-saia... Haja saúde!

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Cork, as primeiras impressões

Quando se entra no centro de Cork é difícil acreditar que nos encontramos no coração da segunda maior cidade da República da Irlanda. Não é só o baixo índice de poluição que nos faz sentir como numa pequena cidade, mas também o pequeno volume de tráfego e a forma ordeira como carros e pessoas fluem pelas principais artérias da cidade (o que é facto digno de nota, tendo em conta que eles conduzem no lado errado da estrada e fazem as rotundas pela esquerda).

Aqui fica Cork, dentro do que é possível explicar por palavras:

Há uma calma agitada nas ruas cheias de gente, há aves a cada passo, há sorrisos estampados, há simpatia e disponibilidade. Há uma destilaria a escassos metros, da qual não se sentem os cheiros, há pubs de todas as cores e lojas de várias origens. Há armazéns, igrejas e uma Rua St Patricks. Há um mercado tipo Bolhão, com menos barulho e funcionários mais novos. Há lojas baratas e supermercados com preços assustadores. Haverá certamente muita coisa para fotografar assim que eu conseguir fazer a máquina funcionar... até lá ficam as letras.

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Quando uma casa se torna num Inferno

Recebi esta semana as informações sobre o local onde ficarei alojada e devo, desde já, expressar o meu estado de pânico relativamente ao que me foi apresentado: um documento com uma extensa lista de regras e obrigações devidamente secundadas por um sistema de penalizações e multas que culmina com a possibilidade de expulsão do apartment! Confesso que suspeito que ficarei alojada num convento de freiras ou que estive a ler o romance deste jovem escritor que encontrei no Google...


Para além de ser proibido fumar nas instalações, realidade que até encaro como um incentivo à melhoria da minha saúde, não são toleradas qualquer tipo de festas nem qualquer tipo de barulho nocturno. Ou seja: queres mandriar? Vai para os pubs...

De acordo com o Bill of Duties, como simpaticamente baptizei este documento, todos os convidados são bem-vindos, mas apenas durante o dia, pois à noite há que respeitar os outros inquilinos. Aliás, está proibida a entrada a qualquer tipo de animal nos belos aposentos das princesas. Exacto, povo que estava a pensar fazer-me uma visita, a procurar Pousadas da Juventude.

Até para o despejo do lixo há regras que, caso sejam quebradas, levam a multas de 5 euros por cabeça, assim como não se poderá jamais em tempo algum estender roupa nas janelas e varandas.

Para aqueles que, como eu, pensaram logo "e eu quero lá saber, que não anda ninguém lá a verificar", fica a informação: os responsáveis fazem visitas periódicas aos apartamentos e quartos para verificar se está tudo nos conformes. Pelo menos estes avisam as pessoas, nisso ganham ao meu antigo senhorio o Sr. Horário (nome fictício e afectuoso dado pelas inquilinas) que era só pegar na chave e dizer "estou cá em baixo".

Católicos sim, mas nem tanto valha-me Deus!

Fumo branco

Finalmente recebi a informação quanto ao local de estágio, mas calma, não se lancem já os foguetes, porque ainda não estou a par de toda a informação. Devo dizer que achava não ser possível encontrar um povo que, à semelhança dos portugueses, tratasse de tudo em cima da hora e no canto do joelho, no entanto estava errada. Parece que em vez de "nuestros hermanos " devemos começar a falar de our brothers...

Mas indo ao que interessa, ficarei no St John's Central College na área de organização de eventos. Pelo que pude perceber, trata-se de um estabelecimento de ensino profissional que disponibiliza formação em áreas tão diversas como Produção Audiovisual, Turismo, Design, Informática e "Animal Care" (perdão mas não encontro tradução à altura), a maior parte da qual financiada por programas de desenvolvimento nacionias e europeus.

Ao que parece o St John's Central College mudou recentemente para novas instalações, bem no centro de Cork, e mais do que isto não sei.

Duas coisas a apontar:

1. Contrariamente ao que já vaticinavam certas vozes difamatórias, parece que afinal não vou trabalhar a depenar frangos para o KFC nem a picar carne para o McDonald's, assim como não se espera nenhum envolvimento na indústria pornográfica ou sexual;

2. Apesar de não ter a possibilidade de levar a pequena Maria Amélia comigo :(, estarei, ao que tudo indica, a trabalhar num sítio com animais, o que por si só é uma excelente notícia.

Aos curiosos, deixo o link desse grande espaço do saber!


PS: A Maria Amélia é a minha cadela, não vá o povo pensar que eu já procriei.

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

RePUBlica da Irlanda, uma visão que não respeita a verdade histórica

Quando pensamos na República da Irlanda uma das primeiras imagens que nos vem à cabeça é a de um copo de cerveja Guiness. A "black Stuff" (como a tratam no calão da região) é não só um dos ícones mundiais deste país, lado a lado com os U2, mas também um dos grandes decifradores da cultura gaélica. Ora vejamos:

1. O sucesso de Bono Voz e seus óculos coloridos

2. Gaelic Football, futebol jogado com a mão

3. Lepricons
Outras das ideias que frequentemente se associa à bela Éire é a da predominância do verde. Depois de muitas pesquisas na secção de imagens do Google, sinceramente continuo sem perceber o porquê do nascimento desta ideia.


A espalhar preconceitos desde 1982...